ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SÉTIMA
SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA
LEGISLATURA, EM 05-12-2003.
Aos cinco dias do mês de
dezembro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e vinte e
cinco minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os vinte anos
do programa Galpão do Nativismo, da Rádio Gaúcha, nos termos do Requerimento n°
204/03 (Processo n° 6406/03), de autoria do Vereador Elói Guimarães. Compuseram
a MESA: o Vereador Elói Guimarães, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Doroteo Fagundes, apresentador do
Programa Galpão do Nativismo; o Senhor Armindo Antônio Ranzolin, Diretor da
Rádio Gaúcha; o Tenente-Coronel Carlos Gomes Monteiro, Comandante do 3°
Regimento de Cavalaria de Guarda – Regimento Osório; o Tenente-Coronel Moisés
Menezes, representante do Comandante-Geral da Brigada Militar; o Senhor Ademar
Stocker, Delegado Regional Executivo da Polícia Federal; o Senhor João Martins
de Salles, representante da Liga de Defesa Nacional; o Vereador Isaac Ainhorn,
na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos
para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e registrou a presença dos
Senhores Ernesto Fagundes, Edson Otto e Armando. Em continuidade, o Vereador
Isaac Ainhorn assumiu a presidência dos trabalhos e concedeu a palavra ao
Vereador Elói Guimarães que, em nome das Bancadas do PTB, PCdoB, PP e PSB,
saudou o Senhor Doroteo Fagundes e chamou a atenção para a presença da família
Fagundes nos vinte anos de existência do programa Galpão do Nativismo,
mencionando a criação desse programa, inicialmente sob a coordenação de Darci
Fagundes. Após, o Vereador Elói Guimarães assumiu a presidência dos trabalhos e
foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador
Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, comentou o sucesso do programa Galpão
do Nativismo, apesar do horário de sua divulgação, declarando que a audiência
desse programa abrange não apenas setores ligados ao nativismo, mas representa
um público de diferentes grupos culturais do Rio Grande do Sul. O Vereador
Sebastião Melo, em nome da Bancada do PMDB, parabenizou o Vereador Elói
Guimarães pela iniciativa da presente homenagem, historiando a criação do
Programa Galpão do Nativismo pelo Senhor Darci Fagundes, bem como a trajetória
desse programa durante os vinte anos em que integra a programação da Rádio
Gaúcha. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Vera Aguiar,
que declamou o poema “Último Pedido”. Em continuidade, o Vereador Elói
Guimarães, presidindo os trabalhos, procedeu à entrega de Diploma comemorativo
do vigésimo aniversário do Programa Galpão do Nativismo, da Rádio Gaúcha, ao Senhor
Doroteo Fagundes, concedendo a palavra a Sua Senhoria que, em nome do Programa
Galpão do Nativismo, agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Senhor
Armindo Antônio Ranzolin procedeu à entrega de uma mala de garupa ao Vereador
Elói Guimarães, a ser posteriormente entregue ao Vereador João Antonio Dib,
Presidente deste Legislativo. Ainda, o Senhor Presidente registrou a presença do
Senhor Joca Bermudez e concedeu a palavra ao Senhor Armindo Antônio Ranzolin,
que se manifestou a respeito da homenagem hoje prestada pela Casa ao Programa
Galpão do Nativismo. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou os
presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais
havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os
trabalhos às quinze horas e cinqüenta e sete minutos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e Isaac Ainhorn e
secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, como Secretário “ad hoc”. Do que eu,
Isaac Ainhorn, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após lida e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo
Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Vamos dar início à presente
solenidade, que visa a celebrar o vigésimo aniversário do programa Galpão do
Nativismo, da Rádio Gaúcha.
Compõem a Mesa este Vereador, que é
Vice-Presidente da Casa e também proponente da homenagem; os homenageados, Sr.
Doroteo Fagundes, que atualmente apresenta o programa Galpão do Nativismo; o
Sr. Armindo Antônio Ranzolin, Diretor da Rádio Gaúcha; o Tenente-Coronel Carlos
Gomes Monteiro, Comandante do 3.º Regimento de Cavalaria de Guarda - Regimento
Osório; o Tenente-Coronel Moisés Menezes, representante do Comandate-Geral da
Brigada Militar; o Sr. Ademar Stocker, Delegado Regional Executivo da Polícia
Federal; o Sr. João Martins de Salles, representante da Liga de Defesa
Nacional.
São tantos os amigos, poetas, escritores,
músicos aqui presentes, homens ligados à tradição, gaúchos, gaúchas; temos uma
representação do PTB, que vejo lá em cima; o Ernesto Fagundes, os Fagundes,
oficiais do nosso Exército Nacional. Temos a presença do Ver. Isaac Ainhorn,
que evidentemente falará na solenidade; o Edson Otto, o Armando também estão
aqui presentes. Enfim, tantas figuras aqui, que a gente ficaria aqui dizendo e
ainda poderia esquecer alguma; então, sintam-se todos aqui, amigos,
pessoalmente homenageados.
Convidamos todos os presentes para, em pé,
ouvirmos o Hino Nacional.
(Ouve-se o Hino Nacional.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu sou proponente da
presente homenagem, então peço ao Ver. Isaac Ainhorn que assuma a direção dos
trabalhos para que eu possa me manifestar, usar da palavra.
(O Ver. Isaac Ainhorn assume a presidência dos
trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Elói Guimarães está
com a palavra em nome das Bancadas do PTB, PCdoB, PP e PSB.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver. Isaac Ainhorn. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Sintam-se todos nominados neste ato
que nós estamos realizando hoje aqui.
Estamos aqui fazendo uma homenagem de absoluta,
inteira e inquestionável justiça a um programa de rádio vinculado à cultura
nativista, à cultura do Rio Grande. Esse Programa Galpão do Nativismo da Rádio
Gaúcha foi criado pelo saudoso Darci Fagundes, que, Ernesto, espiritualmente
está conosco aqui, está sentado ao nosso lado aqui. Então a importância do
Darci é muito grande para o desenvolvimento cultural, nativista, regionalista
do Rio Grande do Sul. Sua história é fecunda, é o Darci que cria, que inicia esse
Programa, que hoje se celebra o 20º aniversário.
O Darci, por assim dizer, foi o sinuelo dos
Fagundes. É aquele que puxa essa família toda para a invernada da cultura
nativista. Evidentemente que o Aldo seguiu a política e o Coronel Fagundes
seguiu o Exército Nacional, mas os Fagundes seguiram a trilha do velho grande
declamador, homem de fala fácil, de comunicação direta, impetuoso, vibrante,
todos seguiram a trilha desse sinuelo, dessa grande figura, que nós estamos
homenageando aqui, vejam. Nós estamos homenageando o 20º aniversário do Galpão
do Nativismo, mas também estamos homenageando o nosso queridíssimo Darci
Fagundes, que está lá na estância do céu, engraxando sovéu por lá, tomando o
seu mate, a sua pinga, enfim. Então estamos, também, prestando essa homenagem
póstuma, Doroteo, a essa grande figura que foi o nosso querido amigo de grandes
atividades na Rádio Gaúcha e, também, àquele programa famosíssimo, o Brim
Coringa, que foi um programa que dominou gerações por gerações, com o Darci à
frente do programa e o Luiz Menezes lá do Quaraí, amadrinhando o Darci no
violão.
Bem, segue-se o Darci atuando durante anos no
Galpão do Nativismo e é substituído pelo seu irmão, o nosso querido Antonio
Augusto Fagundes, o nosso amigo Nico Fagundes, que só não está aqui hoje,
Ranzolin, por compromissos da rádio, da televisão, com a gravação de programas
nativistas, ele foi convocado e teve de estar lá. Então, só não está por essa
razão. O Nico todos conhecem, o Antonio Augusto Fagundes, Luizinho, todos
conhecem essa figura notável, o Nico. E o Nico é um taura, Doroteo. Eu lembro
que, nessa última cavalgada, a 19ª Cavalgada do Mar, Betão, o Nico e eu
cavalgamos juntos, e o Nico fez, se não me falha a memória, 80%, Doroteo, do
trajeto da cavalgada. Foram mais de 200 quilômetros, partimos de Torres e
chegamos até a Granja Vargas. O ano que vem, a 20ª Cavalgada do Mar virá de lá,
virá da Granja Vargas em direção a Torres, e muitos companheiros vejo aqui,
quantidade de companheiros cavalarianos, gaúchos e gaúchas, que participam da
cavalgada. Então, o Nico, no lombo do pingo, cavalgamos, fez praticamente 80%
desse trajeto, fazendo seguramente, o Nico - olha que taura, que homem taura,
que homem valente -, 150 quilômetros. Ele, que tem alguns probleminhas de
saúde, mas, felizmente, está muito bem. É público, o Nico é um homem público,
conhecidíssimo, e ele agüentou no lombo, seguramente, não tenho dúvidas, 150
quilômetros à beira-mar, com o vento do mar, um oceano, vamos dizer assim: na
frente daquele pampa líquido, o mar que é um pampa para nós.
Depois, segue-se ao Nico a figura presente
hoje, que faz o programa, todas as manhãs de domingo, com uma excelente
audiência, excelentíssima audiência, muito grande audiência, programa que
inicia às 6 horas e vai até as 9 horas e tem, assistentes por todo o Estado e
fora do Estado, pudemos confirmar isso em oportunidade em que estivemos lá no
programa e falando com as pessoas, etc. e tal. Então, um programa voltado à
cultura do nosso Estado, um programa educacional, inclusive, com uma série de
proposições ligadas à cultura, ligadas à história, perguntas ligadas a
história, a geografia, enfim, um programa alegre comandado por esse jovem,
Doroteo Fagundes - compositor, instrumentista, cantor, e figura extremamente
querida de todos nós pela sua simpatia, pelo seu talento, por tudo que ele
representa. Então, é uma figura que nós estamos aqui homenageando pelo
programa. É como dizia Ortega y Gasset: “O homem o é e as suas circunstâncias”.
Então, nas circunstâncias do Doroteo, da sua atuação está todo esse complexo,
rádio, enfim. E o Doroteo também desempenha nas cavalgadas aí do Rio Grande,
ele traz a sua legenda na camiseta, é o repórter a cavalo. E cobrindo as
cavalgadas do mar e outras tantas cavalgadas com o seu telefone, com o seu celular
passando à Rádio Gaúcha todas as informações, o desenrolar de todas as
atividades. Então, o nosso tempo, evidentemente, ele tem um limite e nós
gostaríamos de encerrar dizendo da imensa satisfação que nós temos em saudar
aqui o Programa Galpão do Nativismo da Rádio Gaúcha. Mas eu vou me aventurar
aqui. Diz que o gaúcho gosta de aventuras. Eu vou me aventurar aqui a declamar
uma poesia que o Darci - o Darci foi um grande declamador, uma poesia se não me
falha a memória e não tenho dúvida é do Luiz Menezes - declamava, e eu achava
algo extraordinário - evidentemente que declamado por ele. Então estes versos
que o Darci declamava, Ernesto. É “A morte do Pedro Ninguém”- vou tentar, vou
fazer um esforço - ela diz mais ou menos assim: “ Veio a cantiga da noite/ na
garupa do aguaceiro cabrestiado pelo vento/ até um relâmpago alçado andou
pateando o espaço peludiando o temporal/ mas oigatchê, amigos/ como faz frio
neste tal de mês de agosto/ a voz do preto Clarindo/ veio do fundo do rancho
que se velava o finado/ ô Juca, vai lá na venda e traz dois real de galleta e
um naco de fumo grande que a noite vai ser comprida/ O Juca pediu a benção a
seu padrinho Clarindo/ e se infurnou noite a dentro/ na direção do bolicho/
Agora suas luzes clareavam os rostos sombrios da peonada no velório/ onde o
respeito era pouco/ pois entre ditos e risos/ iam-se contando causos de
carreiras, de peleias e de chinas maldomadas/ esquecidos do finado/ Foi quando
o Clarindo/ compreendendo o desrespeito pelo coitado do morto/ tirou uma longa
tragada/ pigarreou como pensando/ para afinal sentenciar/ homem que nasce pobre
é como cavalo chucro/ é pialado pela vida/ sofre as domas das tristezas/ até
que um dia se amansa/ perde a vontade e a fé/ depois/ depois/ já sem serventia/
morre à beira do alambrado/ esquecido/ sem ninguém/ Pois vejam vocês/ amigos/
nesta noite o Pedro já não existe/ amanhã se vai o corpo/ pois a alma do
coitado/ de há muito já estava morta/ andava como anda miles de guascas
perdidas/ fugindo pelos povoados das taperas/ por certo/ até a viúva/ quando
saiba que o pobre Pedro morreu/ de certo vai chorar pouco/ chorar é para quem
tem tempo/ e o tempo para o pobre é escasso/ para se lastimar à toa/ quando não
existe remédio nem esperança/não importa/ caramba/ como faz frio neste tal de
mês de agosto/ Divino!/ me passa a canha/ que é para esquentar o pensamento/ um
trovão rolou no espaço/ e a chuva seguiu cantando/ no funeral da saudade/
saudade, ora, saudade/ a saudade não tem tempo de chorar/ Pedro ninguém!”
Homenagem a Darci Fagundes. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. Elói Guimarães reassume a presidência
dos trabalhos.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos agradecer a
direção dos trabalhos sob o comando do Ver. Isaac Ainhorn.
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e
falará em nome do PDT.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu não poderia,
nesta tarde, deixar de participar, meu caro Doroteo, desta solenidade da Câmara
Municipal de Porto Alegre em homenagem ao Galpão do Nativismo. Até porque,
vocês, que dirigem e coordenam este programa, o Nico, o Ernesto, sob a batuta
do nosso Ranzolin, não têm a idéia - ou podem ter - mas, a repercussão não só
nos setores ligados à cultura nativista do Rio Grande mas ao conjunto da
Cidade, de como os senhores são, semanalmente, ouvidos.
Eu tenho uma discreta idéia, até para
constatar, Ranzolin, que disputa, tranqüilamente, à frente e bem longe à
frente, num horário que, aparentemente, pode se imaginar um dos mais delicados,
das seis às nove da manhã de domingo, quem é que vai imaginar que as pessoas
ouvem rádio a essa hora? Não é verdade? Eu sou um pouco intérprete desses
programas de comunicação, me arrogo à condição de fazer uma avaliação do que há
de mais, embora não seja profissional do ramo, uma inserção, nos horários,
enfim. Olha, que a turma lá do Sala de Redação que não se atreva, porque eu
penso que está longe, não é pelo fato de que no horário a concorrência é maior
e que das seis às nove não há o que ouvir. Há o que ouvir, sim. Tem a televisão
já funcionando a mil e, hoje, aí neste interior, a gente vê aquelas antenas
parabólicas que dominam o Rio Grande e que prestam, de uma certa forma, meu
caro Delegado Stocker, um desserviço à cultura regional.
Eu vou dizer uma coisa, eu sou ligado ao
nativismo, à cultura rio-grandense, muito ligado, até porque sou modesto
produtor rural por força de circunstâncias familiares e me afeiçôo muito, me
aquerencio muito a essa atividade e às tradições do nosso Rio Grande, e
observo, infelizmente, às vezes, a inserção das parabólicas; e eu disse
prestando um desserviço porque ao mesmo tempo que a gente tem uma imagem
límpida, limpa e clara, pela parabólica... No Interior do Estado, são milhares
de parabólicas por esse Rio Grande afora, pois é o sistema mais convencional e
barato, do ponto de vista de sinal, para quem pega, não para quem paga. Por
exemplo, quando a gente assiste ao noticiário da TV, a gente não assiste o RBS
Notícias, a gente assiste o RBS São Paulo. Então, a nossa gente dos
rincões...porque a televisão não chega a um rádio. O rádio tem um papel...
Ainda nós vivemos na era do rádio. Mas, de repente, chega lá no interior do
Itacurubi, que há alguns anos já se emancipou de São Borja, lá naquele rincão
distante, estão assistindo a disputa do Governo do Estado de São Paulo, os
debates. E as pessoas se confundem todas, porque o sinal vem pela rede Globo de
São Paulo, e assim por diante; de repente, vem pela TV Amazonas, pela TV
Record, nos programas locais. É uma coisa sobre a qual temos que fazer uma
profunda reflexão. Mas, eu quero dizer - e até de vez em quando fico espantado,
porque nas raras vezes, Doroteo, em que eu fui honrado com um convite para ir
lá bater um papo, trocar uma idéia, Ernesto, lá no Galpão do Nativismo - até
sobre sobrenatural se fala lá, e muito -, não é no dia seguinte, 15 dias depois
as pessoa me dizem: “Te ouvi lá, às 6 e meia da manhã, na Rádio Gaúcha. Te ouvi
às 7h”. “Vem cá, vocês não dormem?” - eu pergunto. “O que é que vocês fazem às
7h da manhã? Não fazem outra coisa em casa?” Estão todos de rádio ligado. Por
isso eu disse no início das minha intervenção, das minhas reflexões, por que da
homenagem a esse programa? A importância que tem do ponto de vista não só de um
mero programa de rádio.
Eu digo que é, Doroteo, o que vocês estão
fazendo; que começou com o Darci Fagundes, que foi Vereador desta Casa, e com o
Nico, e que tem continuidade com essa geração de vocês, é um trabalho
extraordinário em defesa e de valorização das coisas e da cultura do Rio Grande
e se propaga de uma forma extraordinária. Não é só a nossa gauchada lá do
interior que de radiozinho ligado em Ondas Médias estão lá ouvindo o Programa
Galpão Nativista; não, ele é ouvido em Porto Alegre; na Região Metropolitana,
nem se fala! Se a gente começar a fazer um levantamento de quem é de Porto
Alegre, encontra, naturais de Porto Alegre somo eu e o Luisinho Dexheimer, o
resto todo é do interior; nem o Ver. Sebastião Melo é gaúcho, ele é goiano e
está aqui homenageando o Galpão do Nativismo. E o pessoal da Grande Porto
Alegre, a atenção com que ouvem! E o rádio é ainda mais que a televisão pela
facilidade com que a gente ouve; no carro, aqui, acolá, em qualquer lugar a
gente está com o rádio ligado - ainda vivemos na era do rádio.
Há pouco o Ranzolin me observava, com
propriedade, a questão do telefone celular, dessa tecnologia extraordinária,
com a qual falamos de qualquer ponto, sem fio, sem nada, a gente se
comunicando. Isso, em rádio, tem uma importância mais do que fundamental pela
instantaneidade.
Mas eu acho que o Galpão do Nativismo, o
programa de vocês, faz parte de um conjunto de ações culturais levadas com um
sistema de comunicação responsável, da maior importância, porque valoriza a
nossa cultura. E invocando aqui o escritor russo - uns dizem que é Dostoievski,
outros dizem que é Anton Tchekow: "Canta tua aldeia e serás
universal." É o que nós fazemos aqui, é o que nós propagamos aqui. Eu me
recordo alguns anos atrás - felizmente conseguimos extirpar isso -, quando um
cidadão modesto, peão de estância veio pilchado para Porto Alegre, e foi
objeto, lá no Centro da Cidade, de blague e de deboches. Foi registrada na
imprensa aquela cena lamentável. Hoje, felizmente, por um trabalho que vem-se
desenvolvendo gradualmente, essas coisas não acontecem; ao contrário, a
Assembléia Legislativa tem a pilcha como uma de suas indumentárias, uma de suas
roupas de presenças em solenidades. As pessoas sentem-se orgulhosas de andar
sob a pilcha, isso é um trabalho que esse conjunto de escritores regionalistas
desenvolveram durante esses últimos anos, e, isso eu tenho achado fundamental,
e cada vez crescendo mais. Aqui mesmo nós tivemos um exemplo quando quiseram
fazer no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho a passarela do samba; olha, a
gauchada se levantou! E felizmente, felizmente, estavam certos, a gauchada
estava certa, porque esse Parque, essa Estância, ela tem o perfil de cultuar as
tradições do Rio Grande. Levantaram-se e acabou não saindo. Não havia nenhuma
hostilidade, nenhuma resistência ao carnaval, não, é que o perfil desse Parque
era um outro. E ainda ontem comentava num programa de televisão, meu caro
Presidente Elói, comentávamos num programa de televisão o que representam as
comemorações da Semana Farroupilha aqui em Porto Alegre. Não é em São Borja,
não é em Itaqui, não é em Piratini, não, é aqui em Porto Alegre que ocorrem as
comemorações.
Acho que nós temos de ir muito além, porque o
que vocês fazem é um resgate semanal da tradição cultural, e um debate sério,
responsável, cujas três horas de programa passam com uma facilidade
extraordinária. Vocês, muito mais, devem sentir que quando se vê, já
passaram-se as três horas.
E hoje, aqui, durante o mês de setembro quando
os piquetes se organizam, se auto-organizam, porque apoio têm muito pouco das
instituições governamentais, se auto-organizam e realizam essa página anual,
memorável, de resgate das nossas tradições... Por isso eu acho que esse
trabalho que vocês desenvolvem, e esse é o sentido, por isso que o Elói cumpriu
um papel importante ao tomar a iniciativa de celebrar, através desta Sessão
Solene uma Sessão Especial em homenagem ao Galpão do Nativismo, porque é um
reconhecimento da Casa, através da sua representação popular, o reconhecimento
de Porto Alegre ao trabalho que realizam vocês.
Parabéns, e, certamente, nós estaremos aqui,
nós ou os nossos sucessores na Câmara Municipal, comemorando os 30, os 40, os
50 e por que não dizer os 100 anos? Parabéns ao Galpão do Nativismo e à Rádio
Gaúcha. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo está
com a palavra em nome da Bancada do PMDB.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ver. Elói
Guimarães, com muita alegria, eu, que não sou muito do discurso escrito, quis
fazer algumas anotações. Ver. Isaac, eu, que sou goiano de nascimento mas
gaúcho de coração, me aquerenciei aqui há 25 anos e, portanto, me sinto à vontade
nesta querência. Pois, ao iniciar o meu pronunciamento, quero saudar a
iniciativa inteligente e sensível do Ver. Elói Guimarães em escolher o dia de
hoje para homenagear os 20 anos do Galpão do Nativismo, programa esse que é
líder inconteste em seu horário, ou seja, nos domingos, das 6 às 9 horas da
manhã. Calcula-se que cerca de um a dois milhões de pessoas escutam do início
ao fim o Galpão do Nativismo.
Hoje, por uma questão de justiça, nós temos que
reverenciar o seu grande criador, a excepcional figura de Darci Fagundes -
jornalista, homem de rádio, poeta e artista de televisão. Foi ele quem deu
início a tudo e, ao mesmo tempo em que conseguiu alcançar grande sucesso no
Galpão do Nativismo na Rádio Gaúcha, a vida lhe preparou uma cilada ficando com
uma doença irreversível. Após o falecimento dessa grande figura do
tradicionalismo e do folclore rio-grandense, Darci Fagundes - que chegou a
assumir a Câmara de Vereadores de Porto Alegre -, foi decidido nos bastidores e
pela alta Direção da Rádio Gaúcha que a pessoa ideal, quer pelos seus méritos
pessoais, quer pela afinidade que tinha com seu irmão mais velho - Darci -,
seria o nome dessa legenda do Rio Grande, Antonio Augusto da Silva Fagundes, o
Nico Fagundes. Por decisão da alta Direção da Rádio Gaúcha, Antonio Augusto
assumiu o comando do Programa por cerca de dezesseis anos, de uma maneira
brilhante, trazendo alegria aos domingos de todo o nosso Rio Grande com
apresentação de grandes músicos gaúchos, trova, poesia e a pura cultura do
nosso Rio Grande. Participaram do Programa Galpão do Nativismo com Antonio
Augusto Fagundes diversas personalidades como a folclorista Elma Santana, o
comerciante Hans Giorge, seu irmão Bagre Fagundes, o imortal Leopoldo Rassier,
Luis de Barcelos Dexheimer, nosso grande amigo que divulgava sempre nos
programas de domingo as atividades culturais de nossa Câmara de Vereadores. Não
podemos nos esquecer da figura querida, irreverente e autêntica de Sérgio São
Borja, homem do campo, das lides campeiras, da barranca do Uruguai, com as suas
gostosas gargalhadas animando as manhãs de domingo. Afora esses convidados
permanentes e habituais sempre eram trazidos nomes e as maiores figuras do
tradicionalismo gaúcho, sempre trazendo chasques e notícias de grandes eventos
do nosso Rio Grande. No auge de sua audiência, há cerca de dois ou três anos,
Antonio Augusto batia todos os recordes possíveis e imagináveis do nosso Galpão
do Nativismo. Mais uma vez a vida nos é traiçoeira e o nosso Nico Fagundes foi
acometido de um AVC que o deixou afastado do microfone, do canhão da informação
da nossa Rádio Gaúcha, afastado dois anos do convívio com o seu programa e seus
milhões de ouvintes.
Se a vida nos causa grandes tristezas e
desamores, quis mais uma vez o Grande Arquiteto do Universo que o continuador
de Darci Fagundes, Antonio Fagundes, fosse nada mais nada menos que um grande,
brilhante artista rio-grandense, poeta, cantor, o nosso querido amigo Doroteo
Fagundes. E assim sendo, Doroteo Fagundes continuou com alguns antigos, como o
nosso querido São Borja, mas também trouxe um equipe nova, entre eles o seu
irmão, o Renato, que aqui está; o nosso querido Coronel Joel, que eu vejo aqui
à direita; o nosso Delegado Stocker, que sempre nas manhãs de domingo, desde
“cedito”, está lá na nossa Rádio Gaúcha, onde muitas vezes nos encontramos.
Todos de forma brilhante, sob o comando, sob a âncora, sob a batuta do grande
Doroteo Fagundes, trazendo alegria e cultura ao nosso Rio Grande do Sul, dando
uma formatação mais moderna ao programa, porém nunca esquecendo os princípios
fundamentais de seus queridos primos Darci Fagundes e Nico Fagundes.
Por isso, meu querido Presidente e proponentes
desta homenagem, meus queridos Vereadores e Vereadoras, é que o Galpão do
Nativismo completa 20 anos de existência, líder inconteste nas programações de
domingo do tradicionalismo gaúcho.
Em nome da nossa Bancada, Ver. Elói Guimarães,
do velho MDB de guerra, quero cumprimentar V. Exa. pela iniciativa, os colegas
Vereadores e todos que aqui nos assistem; especialmente quero destacar - eu o
vi aqui - essa grande figura que é o Domingos Martins Sobrinho, Diretor de
programação da nossa Rádio Gaúcha; o Ernesto; o Airton Pimentel, que eu vejo lá
na Bancada, outra grande figura. Portanto, um abraço muito fraterno a todos,
parabéns à nossa Rádio Gaúcha, parabéns ao nosso Galpão do Nativismo e parabéns
ao Elói pela iniciativa. E a luta e a caminhada continuam. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Permitam-me aqui fazer um
reponte e convidar a nossa prenda Vera, representando a mulher gaúcha, para um
versinho em homenagem ao Galpão do Nativismo.
A
SRA. VERA AGUIAR: Em nome dos CTGs e Piquetes da Zona Sul, eu
gostaria de homenagear o Galpão do Nativismo, o Ver. Elói Guimarães e todos que
estão presentes, com uma poesia de minha autoria “Último Pedido”: Quero deixar
nestes versos / tudo bem esclarecido, / é meu último pedido quando o patrão me
chamar. / Tudo o que eu quero é honrar / o que aprendi no rincão / cevar bem um
mate amargo / junto ao fogo de chão; antes, quero prometer, a todos que estão
aqui, que na hora que eu partir, para a invernada derradeira, erguerei a nossa
Bandeira, a mais linda que já vi; quero assumir também, sem precisar bilhete,
vou montar lá um piquete, com uma grande invernada, mas nada que tenha luxo,
com as porteiras abertas com o coração do gaúcho; sei que lá vou encontrar
muita gente importante, heróis que lutaram bastante, defendendo a nossa Terra,
não que quisessem a guerra, pois buscavam liberdade, querendo ter igualdade da
cidade até a serra; também quero pedir ao capataz do universo, que mesmo em
simples gesto, peça ao Patrão Supremo que olhe aqui para baixo, para os campos
e as coxilhas, para que se mantenha viva a alma dos farroupilhas; e agora,
quero fazer o meu pedido pessoal, mas pelo, não levem a mal tudo que aqui vou
pedir: meus órgãos, quero doar a alguma irmão sofredor, mas não me deixem
esquecida em um frio corredor; meu corpo, quero velado no galpão que me criei,
lugar onde sempre honrei o meu tradicionalismo; tudo fiz de coração, pois tenho
simplicidade e quero todos à vontade, saboreando um chimarrão; para o cortejo,
quero pedir, aos cavalarianos presentes, que não se façam ausentes para seguir
o carro-de-bois e ao chegar no campo santo, minha última morada, me enterrem
enrolada na Bandeira do Rio Grande do Sul. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Cumprimentos à Vera,
declamadora, poetiza.
Convidamos o Doroteo Fagundes para proceder à
entrega do Diploma a nossa homenageada.
(Procede-se à entrega do Diploma.) (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós agora oferecemos a
palavra ao grande apresentador do programa Galpão do Nativismo, o atual
apresentador Doroteo Fagundes, mas que ele leve também o violão, ele ocupe os
espaços, ele que é um artista, instrumentista.
O
SR. DOROTEO FAGUNDES: Geralmente, quando eu fico no microfone, são 3
horas.
Presidente, é muito importante esta tarde.
Saúdo a Mesa saudando o Presidente Elói Guimarães, dizendo, aos que não
conseguiram ler, o que diz neste chasque em forma de Diploma (Lê.): “A Câmara
Municipal de Porto Alegre; Sessão Solene em Homenagem ao 20.º Aniversário do
Programa Galpão do Nativismo da Rádio Gaúcha; proposição do Ver. Elói
Guimarães; Porto Alegre, 5 de dezembro de 2003, Ver. João Antonio Dib -
Presidente.” Muito obrigado.
Isso aqui é a sacola da produção do programa.
(Mostra a sacola.) É mais ou menos assim que nós chegamos no Galpão, e
evidentemente que esta homenagem é, efetivamente, de recuerdos também, e eu não me atreveria a contar a história dos 20
anos desse Galpão, até porque não convivi estreitamente nesse período, mas
posso dizer de 2 anos para cá.
Lamento profundamente a ausência de Antonio
Augusto Fagundes por questões profissionais. Aliás, a ausência é uma constante
do artista, porque ele sempre está sendo chamado, e às vezes não pode estar
presente onde ele gostaria de estar. Com certeza que o Nico, desempenhando o
seu papel da RBS TV, onde estiver - parece-me que está em Uruguaiana, na
Califórnia -, está certamente recebendo toda essa força, toda essa energia que
estamos emanando nesta tarde que presenteia o nosso Galpão, que recebeu, na
semana passada, um grande presente, quando a Direção da empresa permitiu que,
pela primeira vez, desenvolvêssemos o projeto de disseminação da cultura
regional no Estado do Paraná. O Galpão do Nativismo esteve confinado, por 18
anos, em estúdio; não porque a emissora não quisesse se aproximar do seu grande
público, mas as questões técnicas são extremamente importantes, e essa empresa
de comunicação, uma das mais importantes do Brasil, não corre o risco de levar
a informação que não seja clara e competente. Hoje, a modernidade permite que
um evento como esse, em estilo de galpão, se consiga fazer do Paraná, como
fizemos na semana passada, ou da barranca de um rio, do rio Ibicuí
precisamente, lá no Alegrete, quando realizamos, no mês retrasado o mesmo
Galpão, e assim transforma-se esse Galpão itinerante a levar o nosso carinho e
dar continuidade no espírito do Darci, e na vontade do Nico de estar presente
conosco, quase que semanalmente, às vezes por telefone, às vezes ao vivo, mas
presente conosco, amadrinhando-nos.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e caros amigos
que aqui vieram nos prestigiar. O Elói Guimarães dizia-me, ele que propôs esta
jornada, que 50 pessoas que nós convidássemos seria o suficiente, e nós
convidamos 50, e vieram 51, então o nosso prestígio é muito bom, e eu fico
orgulhoso por isso. O um é o Airto Pimentel, Presidente do Sindicato dos
Compositores do Rio Grande do Sul.
Recordo aqueles que foram amadrinhadores deste
processo, uma experiência nova na minha vida, uma responsabilidade que só o
ímpeto gaúcho deixa que nós façamos. Às vezes, eu penso que tenho mais sorte do
que juízo, porque representar o Antonio Augusto Fagundes neste processo, por
tudo o que ele representa, não a mim pessoalmente como amigo, fraterno,
estreito, mas para o mundo cultural. Ele um advogado, um antropólogo, um
historiador, um apresentador de primeiro quilate, um cineasta, ator, poeta, que
reúne todas as qualidades a poder ficar 24 horas no ar, se necessário for, para
dizer das nossas coisas. Mas eu fui escolhido pelo Nico, e, desde então,
estamos lá trancando garrão em defesa da cultura própria, esperando que o
grande comandante retorne, e, oxalá, que isso aconteça.
Mas tive, fundamentalmente, além da confiança
do Nico, além do aval da empresa, que, evidentemente, nos primeiros momentos o
Domingos Martins, como um crítico voraz que é, um profissional de altíssimo
quilate, junto com seus pares, observara o trabalho que estávamos desenvolvendo
e se por lá fiquei, é porque, pelo menos, atingi a média, quando eu estudava no
Colégio União era 6, se me derem 6 eu fico satisfeito. Mas foi com o carinho,
com o respeito e com aquilo que é peculiar do gaúcho, com a fraternidade, com a
irmandade de alguns amigos que quero citar e oferecer este regalo que hoje nós
recebemos, em primeiro lugar, ao meu irmão, Renato Fagundes de Abreu, que foi
citado já pelo Vereador. Ele que fica com dois telefones, atendendo o máximo
possível de ligações, que vêm de todos os quadrantes deste imenso País, que tem
sido mais do que um irmão, um amigo. E Carlos Moacir Pinto Rodrigues, meu
parceiro de música, velho locutor, que inclusive foi funcionário da casa e que
esteve fazendo Copa do Mundo no México. E quando liguei para ele dizendo que
tínhamos uma empreitada: “O Nico está com problema e nós vamos ter que assumir
o Programa, sinto-me pequeno a resolver essa situação, preciso do teu apoio”.
Prontamente, no primeiro mês, estava lá Carlos Moacir Pinto Rodrigues nos dando
algumas tintas da escola magnífica, e o próprio Diretor da nossa Rádio sabe que
é a escola do futebol, da locução esportiva, das jornadas esportivas - quando
uma rádio fica aí com 4 ou 5 horas de microfones abertos e tem de manter a
palavra certa, a informação correta e a audiência presa. Então, o Carlos Moacir
me deu algumas dicas. Eu perguntei: “Como é que tu fazias numa abertura de Copa
do Mundo, numa abertura de jornada?” E dali nós ganhamos algumas experiências.
Convidei alguém que, há pouco, nos deixou, e
reverencio o Luiz Eduardo Silva Pinto, escritor, amigo, que eu sabia que ele
era bom no microfone, porque, quando guri, em Uruguaiana, eu ia muito a remates
e o Luiz Flodoardo era o leiloeiro, e o leiloeiro não pode ser ruim de
microfone, por mais tempo que esteja afastado da lida e prontamente Luiz
Flodoardo transformou-se no nosso comentarista para cobrir o setor
agropastoril, do business pastoril do
nosso Rio Grande, do nosso País, fazendo, todos os domingos, uma bonita
reflexão em torno dos problemas que ainda temos por aí.
Outro amigo, que, levantei o telefone e,
inconteste, esteve conosco, no começo desses dois anos, foi alguém que o Rio
Grande conhece muito e que tem um talento ímpar como advogado e como cantor e
tradicionalista, hoje aqui, representando a Confederação Brasileira da
Tradição, como ex-Presidente, Dr. Edson Otto, que esteve conosco nos dando a
força necessária. (Palmas.)
Quero homenagear e citar esse, que eu
classifico de comentarista folclórico do nosso Programa, o grande Sérgio São
Borja. (Palmas.) Esse amigo foi o primeiro da equipe que o Nico mantinha no
programa que retornou a continuar fazendo a história do Galpão do Nativismo.
Sérgio, o Galpão sem as tuas gaitadas não é Galpão.
Outra figura que, também, nos amadrinha, até
hoje, como pode do jeito que dá é a professora e escritora Elma Santana, que
não está presente, infelizmente, mas a quem eu dedico todo o meu carinho e todo
o meu respeito, fazendo e resgatando sempre, nós, gaúchos machistas que somos,
e essa é uma necessidade planetária, não é um problema de gaúcho, mas, sempre
esteve presente conosco representando a mulher gaúcha e trazendo as informações
fundamentalmente em cima da figura já mitológica de Anita Garibaldi.
Logo que passamos um ano nessa jornada, depois
de alguns guaranás nos galpões lá de casa, eu fiz um convite para um outro
amigo que foi aparecendo e acabou acampando no Galpão, e hoje, está aqui
conosco representando uma entidade que nos orgulha bastante, e que seguramente
tem nas mãos a grande preocupação moral e social do País que é a Polícia
Federal, o Delegado Stocker; muito obrigado por entender e compreender essa
necessidade e de trocar a pilcha povoeira pela campeira e, nos domingos, com um
mate, ir ao Galpão. Sem a tua presença seria difícil manter o tranco.
Também se arrincou no Galpão, de forma espontânea, Josiel
Teixeira, grande companheiro, entusiasta do nosso Galpão. E aí os colaboradores
da retaguarda que não aparecem, a exemplo de, Cristina Fagundes Lima, nossa
Assistente de Produção, Antonio Neto, Leo Rigon, Ilo Cursino, o grande
comentarista de guerra - a Revolução Farroupilha já terminou, mas nós temos um
comentarista de guerra se necessário for-, o Coronel Joel Pedreira que está
conosco e que faz a interação com os ouvintes pela Internet. Harry Fock, um
alemão que, nos ouvindo na Europa, precisamente na Holanda, quando aterrissou
aqui, veio direto para o Galpão dizer da sua satisfação em ouvir a Rádio Gaúcha
em todas as suas viagens, em todas as suas incursões e passou a ser um
colaborador espontâneo do Galpão. E galpão é assim, mas o nosso Galpão não
poderia, prezado Diretor, prezado Presidente, platéia, e nós não podemos
esquecer jamais do incentivo de um grupo empresarial que nos ajuda e que tem
nos ajudado desde o começo. Quando chegamos por lá estava uma empresa que hoje,
infelizmente, não está mais no mercado, porque se fundiu com outra maior,
incentivando o setor comercial do gauchismo, ou seja, apostando nessa idéia de
fazer pátria, semear cultura na voz gauchesca e brasileira pela rádio.
Evidentemente que, dentro dos seus naturais interesses comerciais, para ganhar,
granjear a simpatia desse imenso contingente, hoje, estimado em 10 milhões de
pessoas no Brasil, dos quais, 4 milhões estão aqui, 6 milhões espalhados pelo
nosso País, que são consumidores de tudo que esteja relacionado à cultura
regional brasileira, especificamente a do Rio Grande do Sul. À Tecnifreios
rendo a minha homenagem, embora não esteja mais presente no mercado. À Casa das
Bandeiras; à Pousada San Clemente; à Marcondes; à EPT- Engenharia, que nunca
tinha investido na Rádio Gaúcha, resolveu, nesse mesmo momento, experimentar o
gosto, e acho, Malu, que nunca mais sai do nosso convívio; ao arroz Gransell,
que se lança no mercado por meio do nosso Galpão; à Churrascaria Vitrine
Gaúcha, que aposta, também como nós, buscando esse nicho do mercado; o próprio
SINDICARNES - Sindicato de Carnes do Rio Grande do Sul - são todos companheiros
que estiveram conosco, que precisamos relembrar e mostrar o porquê de por 20
anos nos mantermos na mídia. Também, o pessoal de Santiago, que vem anunciar
com a gente, o Guarany Remates; o Niposul, de Minas Gerais. A Prefeitura
Municipal de Dois Irmãos, que sempre está presente no Galpão, e agora está
também conosco no seu incentivo comercial tão importante. E os patrocinadores
de externa. Todas as vezes que saímos por aí, alguém tem de apostar na gente, e
isso foi feito nesses dois anos: pelo SINDICARNE, pela Agropecuária Moinho;
pela Regina Pilchas, uma senhora que tem uma loja na estrada perto de Arroio
dos Ratos, temerária disse: “Olha, gostaria muito de anunciar na Rádio Gaúcha,
mas acho que isso não é para o meu bolso!” Eu disse: “Tu te enganas, temos remédios
em todas as proporções”, e ficou orgulhosa por poder estar nas nossas
transmissões. O Arroz Prato Fino, de São Borja; a Liquigás, nas cavalgadas do
Germânia, indo do Alegrete com a gente; São Leopoldo Fest; o SENAI.
Agora, recentemente, conseguimos, inusitadamente,
levaram o Galpão a um local a onde ninguém acreditava que poderia esta
presente: numa Oktoberfest, lá estava o Galpão do Nativismo. E isso é uma prova
do que já foi dito, do leque de todos os estilos de audiência que tem esse
Galpão. E nós fomos lá misturar o chimarrão com chope; o chucrute, com o
churrasco e o Galpão fazendo sucesso numa Oktoberfest das 6 às 9 horas da
manhã, quando todo aqueles alemães saindo pilchados de alemães, ficando na
volta e saindo da música genuinamente germânica e abraçando a nossa forma
gauchesca de ser pelas vaneras, pela milonga e pela poesia.
E finalmente, quero dedicar o meu carinho, a
minha atenção, o meu respeito e o meu profundo agradecimento aos nossos atuais
patrocinadores: Farmácias Associadas, Distribuidoras de Papéis Braile, Haras
Vacovas, SUPRIVALE Soluções Imobiliárias, Água Santa Poços Artesianos porque
continuam apostando em nós. E parece um tanto quanto frio quando se fala numa
linguagem comercial, e nós não aprendemos ainda que nós não vamos a lugar
nenhum sem essa necessidade. E por isso eu declino a esse respeito a esses que
apostam na nossa arte, a esses que querem que o Rio Grande continue a dar
exemplo para o Brasil no que tange a sustentação da sua cultura regional. E a
Rádio Gaúcha tem sido exemplo nesses 20 anos de Galpão de Nativismo e inclusive
em outros momentos de suas programações. O Presidente pediu que eu simulasse,
rapidamente, o Programa, mas antes eu quero dizer, Presidente, que nós queremos
alguns produtos que funcionam muito bem lá; entre eles a mala de garupa
cultural - hoje o regalo mais cobiçado do rádio brasileiro. Tanto é que nós
providenciamos, junto aos nossos patrocinadores, para que nos mandassem mais
produtos além do que nós entregamos dominicalmente nos rádios, para poder
presentear em momentos certos, como este. Portanto, eu quero homenagear ao
Presidente desta Casa, na figura do nosso Vereador proponente, uma mala de
garupa cultural do Programa Galpão do Nativismo, em que vai, nada mais nada
menos, do que livro e disco - coisas que falam da nossa cultura numa forma
simples de ser.
Gostaria de pedir ao nosso Diretor Ranzolin que
fizesse a entrega ao Presidente em exercício da Casa a nossa mala de garupa do
Galpão do Nativismo, que ostenta a bandeira do Brasil, a bandeira do Rio
Grande, a logomarca da rádio, do Sistema Tarca de Comunicação - que é a
produtora - e da Rotermund - que é o patrocinador do mala de garupa.
(Procede-se à entrega do regalo.) (Palmas.)
Gostaria que o Renato fizesse a entrega do
mesmo regalo agora ao Ver. Elói
Guimarães. A outra mala vai para o Presidente Dib.
(Procede-se à entrega do regalo.) (Palmas.)
Então, atendendo ao pedido do Ver. Elói
Guimarães, eu digo o seguinte: Buenas,
amigos, está começando mais um programa Galpão do Nativismo aqui da sua Rádio
Gaúcha, a fonte da informação da Rede Gaúcha SAT, RBS Rádio, Rio Grande do Sul,
Brasil, quando são 15h36min e a temperatura marca 30 graus e este é o programa
nº 110 que, consecutivamente, estamos à frente fazendo a vez do primo e amigo
Nico Fagundes que vai domando, definitivamente, a deficiência vocal diminuída
pela AVC. Todos os sábados Nico está na página oito do Segundo Caderno da sua
Zero Hora, o melhor jornal do Sul do País, dissertando sobre o regionalismo,
tradicionalismo, nativismo e folclore, temas dos quais ele é doutor. Trazendo
sempre muita informação, informações culturais sobre o ser gaúcho. E nos
domingos amadrinhando Neto Fagundes no seu Galpão Crioulo da RBS TV, bem como,
no seu Galpão do Nico, da Rádio Rural, amadrinhado por Ernesto Fagundes. E
volta e meia está aqui nesse Galpão do Nativismo me amadrinhando nesta
gineteada radiofônica interina que enfrentei e já dura dois anos.
Evidentemente, não vamos parar nunca de
agradecer a Deus pela sua recuperação e pelas outras graças que temos recebido.
Por isso convido os companheiros da Mesa e
ouvintes a uma prosa direta com o Patrão Celestial em oração, afinal, hoje é
dia de ser homenageado. E devemos agradecer ao Patrão.
“Pai, grande arquiteto universal, te pedimos
que no raiar deste dia, com a força da tua luz divina, sejamos, pelo nosso
pensamento, condução de energia positiva a todos que estão carente de saúde, de
amor e de fé; estenda teu manto sagrado neste teu mundo, sane todos os males
que tanto afligem este planeta, e a tua suprema e infinita bondade continue
derramando suas bênçãos no espírito e no corpo dos que sofrem, para todos
continuarmos a caminhada nesta existência, cumprindo o destino que o Senhor
programou, e para finalizar, te pedimos uma bênção especial aos políticos, que
sempre hajam pensando em todos e nunca em si.”
A benção, Cecília Fagundes de Abreu, minha mãe;
Darci Fagundes, patrono desse galpão, que moram na estância grande do céu.
Bom-dia Uruguaiana, meu pago; bom-dia Porto Alegre, minha querência; bom-dia
Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, Paraguai; bom-dia Brasil; bom-dia
gaúchos e gaúchas de todas as querências, a quem oferecemos com muito carinho
essas horas de regionalismo e tradição, todos os domingos, das 6h às 9h da
manhã, trazendo para vocês a mensagem de igualdade, liberdade e humanidade,
expressa na bandeira e no coração de todos os gaúchos, em forma de prosa ao pé
do fogo, música e poesia. Muito obrigado Nico Fagundes! Muito obrigado Rádio
Gaúcha, por esta oportunidade! Muito obrigado a esta Casa pelo reconhecimento! Gracias. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Doroteo é de Uruguaiana e
aqui representando os uruguaianenses, o Joca Bermudez. O Diretor da Rádio
Gaúcha, nosso querido amigo, jornalista Armindo Antônio Ranzolin, está com a
palavra.
O
SR. ARMINDO ANTÔNIO RANZOLIN: Gaúchas e gaúchos, Ah, Nico,
hein? Ernesto, leve um abraço grande para ele, diga que ele está nos visitando
pouco, tem que nos visitar mais. Olha, quero ser bastante informal nesta
manifestação, porque ainda hoje de manhã, quando me preparei para, no Programa
que apresento na Rádio Gaúcha, dar a notícia de que haveria hoje uma homenagem
ao Galpão do Nativismo, aqui na Câmara de Vereadores, de repente fiz uma
reminiscência comigo mesmo e me dei conta de que em todas as rádios por onde
passei, convivi com o nativismo. Não existe fronteira entre Vacaria e Lages; eu
não nasci em Lages, eu nasci no Rio Grande, pelo menos na minha certidão de
nascimento está ali: nascido em Caxias do Sul, quando na verdade deveria estar
Flores da Cunha, que é onde moravam os meus pais, mas eu nasci na casa do meu
nono, italiano, e tenho como cidade de nascimento Caxias do Sul, o que me honra
muito. Com um ano de idade meus pais se mudaram para Santa Catarina,
atravessamos o Rio Pelotas e de lá só voltei para o Rio Grande quase aos vinte
anos para vir fazer o meu curso de Direito - mal sabia eu que terminaria
fazendo uma carreira de rádio. Então, porque eu digo que não há fronteira?
Alguém já foi na Festa do Pinhão, em Lages, no inverno? Os que já foram lá
sabem que é tudo gaúcho, tudo Rio Grande. E o rodeio da Vacaria, onde há uma
competição de lageanos e vacarianos? E até digo mais: eu tenho um irmão que tem
um ano e meio menos do que eu que fez carreira política; ele venceu seis
mandatos, concorreu a seis eleições diretas como Deputado Estadual de Santa
Catarina, e é hoje o mais homenageado pelo voto direto no Tribunal Regional
Eleitoral de Santa Catarina, ou seja, aquele Deputado que, concorrendo pela
eleição direta, mais vezes recebeu a diplomação, e no ano passado ele concorreu
à Câmara Federal e a Deputado por Santa Catarina na Câmara Federal, o nome dele
é Ivan Ranzolin. Eu tenho grande admiração por ele, e à vezes uma pitada de
inveja, porque ele continua morando em Lages, continua freqüentando a Vacaria e
não perde nenhum rodeio, e ele me diz, e mentiroso não é, que a maioria dos
troféus, depois do rodeio, atravessam Pelotas e vão para Lages.
E numa manhã de domingo, depois de uma
madrugada muito fria, naquela Festa do Pinhão eu resolvi ir para o Centro - o
Centro que é um belo Centro -, na Praça Central em Lages, e me senti como se
estivesse na cidade mais gaúcha do Brasil. Todo mundo pilchado - homens,
mulheres e crianças -, dá gosto de ver! Se vocês não foram lá viver essa
experiência deixo, aqui, o convite. Não deixem de fazer uma visita à Festa do
Pinhão que hoje superou a Oktoberfest de Blumenau em número de pessoas - 350
mil pessoas -, que se dirigem para Lages e ficam ali uma semana festejando.
Então, por que eu digo isso? Eu digo isso
porque o primeiro microfone que me deram numa estação de rádio foi em Lages, e
me deram o microfone por que eu escrevia uma crônica de esportes no jornal
semanário da cidade, e eu era na verdade fissurado em rádio, eu ouvia a Rádio
Nacional do Rio Janeiro o dia todo, ouvia até as novelas com a minha mãe. Mas
depois da Copa do Mundo de 1950, que nós perdemos para o Uruguai, eu nunca mais
deixei de ouvir um jogo de futebol.
Quando eu cheguei aqui no Rio Grande, e aqui já
estou há muitos, e muitos anos, as pessoas sempre me perguntavam, e me
perguntam até hoje, se eu sou Grêmio ou Internacional, eu respondo: eu sou
Vasco! Porque a minha infância, a minha juventude foi o Vasco, e a Seleção
Brasileira que perdeu para o Uruguai tinha 09 jogadores do Vasco, então eu
ouvia era o Vasco, o Vasco era o meu time de botão quando eu brincava com os
meus amigos da minha idade. Então, quando me deram o microfone eles me deram
para fazer um programa de esportes que eu passei a fazer, e lá comecei a minha
carreira sem saber que eu estaria indo tão longe nesta carreira, só que havia
um programa de manhã - gauchesco -, e acabei sendo escalado para apresentá-lo,
e havia uma figura singular que, volta e meia, chegava no Programa e me deixava
realmente emocionado, porque nada mais era do que Pedro Raimundo. Se vocês não
ouviram Pedro Raimundo, procurem algum disco em alguma discoteca deve ter a
música. Pedro Raimundo, senhoras e senhores. Eu até me lembro de um trechinho,
mas não sou cantor. (Canta.) "Nasci lá na cidade e me crie na serra. Com a
linda Mariana moça lá de fora. um dia estranhei os carinhos dela. Disse: Adeus
Marina, que eu já vou-me embora." (Palmas.) Isso aí, é uma ligação, faz 48
anos que me deram pela primeira vez o microfone. Eu espero ficar nesse
microfone mais 48 anos, vão ter que me aturar!
Depois, quando cheguei em Porto Alegre e pela
primeira vez me deram o microfone da Rádio Difusora, que foi a minha primeira
emissora aqui, os padres capuchinhos tinham fundado uma série de emissoras de
rádio, e depois fundaram até mesmo uma emissora de televisão. E o Jornal do Dia
era também da Igreja Católica, e foi na Rádio Difusora que me deram pela
primeira vez o microfone e o primeiro contrato como profissional, porque lá em
Lages, foi uma relação muito amadora, mas muito gostosa. E aí, quem eu
encontro? Também no programa nativista? Os Mirins, não sei onde andam, mas Os
Mirins. Eles eram um sucesso extraordinário.
Quando troquei a Rádio Difusora, depois de
quatro, cinco anos pela Rádio Farroupilha, aí me dei com um taura fantástico:
Vítor Mateus Teixeira, o Teixeirinha e a Mary Terezinha todas as manhãs, eu
terminei sendo Diretor de Programação e Diretor da Rádio Farroupilha e o Teixeirinha
era um cara ligado comigo e eu era ligado com ele. Me dá uma saudade da voz
dele! Muitas vezes, eu tenho que rodar os discos que tenho dele na minha
discoteca.
Olha, quero dizer para vocês que lá na Rádio
Farroupilha estavam querendo tirar do ar um programa que era apresentado num
auditório e quando esse programa era apresentado, faziam filas nas quadras no
Centro de Porto Alegre, o Grande Rodeio Farroupilha, que se chamava Grande
Rodeio Coringa, também pelo patrocínio do Brim Coringa. Darci Fagundes e Luiz
Menezes. Esse programa chegou a ficar fora do ar por algum tempo, eu o
recoloquei e aí era da Brigada Militar. Aí fazíamos o grande rodeio no Ginásio
da Brigada Militar, isso na Rádio Farroupilha. Vejam só que parcerias que eu
encontrei ao longo desta minha carreira. Chego à Rádio Guaíba e me deparo com
um payador: Jayme Caetano Braun. Que
trabalho me deu aquele homem! (Palmas.) Porque era um payador que ia para o microfone, fazia o programa das sete e meia
às oito, no sábado, de improviso e às vezes dizia algumas coisas que naquele
tempo não se podia dizer, porque era época de ditadura, havia controle. Havia
controle, não se podia dizer o que se queria dizer. Mas, lá estava Jayme
Caetano Braun e em outro programa estava lá, nada mais nada menos do que Paixão
Cortes. Vejam, então, com que gente eu convivi, quanto aprendi com eles para
poder hoje vir aqui trazer esse recado para vocês. Bom, aí chego a Rádio Gaúcha
e em chegando, acho que um ano antes da minha chegada - vou fazer vinte anos de
Rádio Gaúcha em abril, daqui a seis meses, e esse Programa está fazendo vinte
anos -, um pouco antes, Nico Fagundes vem com o seu Galpão do Nativismo e eu
encontro o Nico, com ele convivendo e com todos vocês que participaram desses
espaços na programação dele. E hoje, numa troca de bastão, temos o Doroteo e
temos essa turma toda, que não conheço pessoalmente, preciso um dia chegar cedo
para poder conhecer vocês todos que fazem o programa da manhã, que eu escuto.
De segunda à sexta-feira eu acordo às cinco e meia da manhã, porque às seis e
meia tenho de entrar na rádio, geralmente sábado e domingo durmo até mais
tarde, não ouço o Programa desde às seis horas, mas a partir das sete, sete e
meia já estou ouvindo e muitas vezes dou uma ligadinha lá para rádio, mas não
para atrapalhar, apenas para somar. Então, meus amigos, neste encontro hoje
aqui, só me cabe dizer mais uma coisa para que vocês saibam a relação que tenho
com o nativismo: nós imaginamos que deveríamos, na Expointer, lançar uma
promoção da Rádio Gaúcha. Temos um comitê editorial que se reúne uma vez por
semana e não tivemos dúvida nenhuma que nós tínhamos que instituir um troféu
que deveria eleger 10 personalidades por ano, e esse troféu, a cada ano fica
mais importante porque ele tem raízes - o Troféu Guri César Passarinho - que na
primeira vez, na primeira noite, na primeira edição, levou para a casa da RBS o
filho, depois de já perdermos o César passarinho, e o filho dele cantou “Guri”,
com uma raça, com uma garra... Então, quero dizer para vocês que, nós todos, na
Rádio Gaúcha, nós todos que estamos irmanados com o nativismo, consideramo-nos,
todos, guris. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Mas o lageense é um gaúcho
serrano, e o gaúcho não tem, fronteiras, Ranzolin.
Estamo-nos dirigindo ao fechamento desta
solenidade, queremos reiterar aqui os agradecimentos já feitos a todos.
Convidamos todos os presentes a cantarmos o
Hino Rio-Grandense, que será puxado pelo Ernesto Fagundes e pelo Doroteo
Fagundes, que irão à tribuna.
O
SR. DOROTEO FAGUNDES: Quero fazer antes uma reparação, uma justiça,
está aqui conosco - esqueci de citar, pela emoção - o Pedro, da erva-mate
Rainha dos Pampas, o Planalto foi citado e o pessoal da Rottermam, também
prestigiando, que são todos patrocinadores do Programa. Muito obrigado, Pedro,
pela tua presença.
(Apresentação do Hino Rio-Grandense.)
(Encerra-se a Sessão às 15h57min.)
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